Aluga-se um
coração.
Vazio,
velho, cansado,
Mas em
razoável estado de conservação.
Construção
antiga, de cômodo único
De maneira
que nele caiba não mais
Que um único
morador, e de mobília pouca:
Arrumando
com jeitinho, cabe tolerância
Paciência também
cabe, e cumplicidade.
Nada que
ocupe muito lugar, tome espaço:
Desconfiança,
ciúme exagerado, medos...
E
principalmente que acredite no senhorio.
O inquilino
não deve se incomodar com a poesia
Porque por
mais que a enxote e limpe, persistirá
Como pó nos
móveis, poeira sujando tudo.
Também não
deverá ter aversão a cores
Porque
quadros, tintas, molduras, telas...
Como ratos e
baratas resistirão a tudo,
Até se
escondendo, mas sempre lá, presentes.
Que traga
alegria de vida, facilidade de sorrir,
Sensualidade,
erotismo, olhar infantil.
Ter viva a porção infantil é fundamental.
Pode trazer
ainda gestos comedidos
E a profunda
convicção de que o dia seguinte
Jamais
repetirá o que passou, será melhor.
Se arrumar
direito cabe ainda desapegos:
Ao que se esconde
nos shoppings
E se anuncia
na televisão como milagres...
Exigimos
intimidade com as flores,
Respeito a
tudo o que vive
E
fundamentalmente fé.
Fé no Homem,
fé no Mundo, fé em Deus.
Preço módico
em moeda corrente: amor.
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