Levo a mão
direita ao peito,
lado
esquerdo superior,
e rasgo pele
e carne, músculos.
Um líquido
viscoso e quente
escorre
rubro na dor que não sinto.
Agora uma
grade de ossos.
São
costelas,
muro a
separá-lo do mundo.
Afasto-as e lá
está ele,
esponjosa
vermelhidão de espanto
olhando-me
nos olhos.
Passo a mão
por trás. Puxo-o.
Agora pulsa
em minha mão.
Amasso-o
como a uma fruta,
suculência
escorrendo farta.
Pronto. Sou
agora um homem comum,
artífice do
meu tempo,
operário
construindo o dia a dia,
assistente
em aplauso ao que está aí,
fiel
contrito num templo,
agradecendo
a Deus a ausência
dos
sentimentos
e da
necessidade de poesia.
Francisco
Costa
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