Eu te amaria como o mar, avassalador e total, capaz de
gerar em si a vida, lambendo com a minha língua de sal os teus litorais
morenos.
Não,
não te amaria como o mar. Seria uma presença pegajosa e inconstante, feita em
ondas de beijos rápidos nas calmarias e mais rápidos nos temporais. Não, eu não
te amaria como o mar.
Amaria como o vento, sempre presente, arejando,
penetrando teus cabelos e arrepiando os teus pelos, enxugando as lágrimas e o
suor, as gotículas que sucedem os banhos, delicados e tépidos.
Não,
não te amaria como o vento. E se a tempestade me mudasse o humor e eu te
assustasse e te agredisse com a minha força e o meu som te isolando atrás das
vidraças, com medo de mim? E se me fizesse ausente nas tardes mornas ou frio no
inverno? Não, eu não te amaria como o vento.
Amaria,
agora sim, como o sol, em luz e calor, corando a tua pele macia e obrigando as
flores ao desabrochar em formas, perfumes e cores. Isso, isso sim, eu te amaria
como o sol, único mas o bastante, o suficiente, capaz de sustentar tudo e
direcionar o vento e iluminar o mar e clarear os teus caminhos. Mas, pensando
bem, eu não te amaria como o sol.
Como
eu conseguiria te deixar só por noites inteiras e me fazer distante e ausente e
alheio, permitindo que a ti assediasse o silêncio e a escuridão? E se nuvens
negras de temporais nos isolasse e me condenasse a brilhar para ninguém, anônimo
e inútil no espaço? Não, definitivamente eu não te amaria como o sol.
Eu
te amaria... Não! Tenha a certeza de que eu não te amaria. Não se pode amaria
quando se ama. E eu te amo.
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