Dos
malefícios do face, fora a intromissão
em nossos
mais recônditos aspectos,
salta aos
olhos o imediatismo, predador
da
perfeição, padrinho do arrependimento.
Nascidos da
alma, trazendo em si o imaturo
próprio do
novo e do inédito, como um bebê
posto no
berço, sem fala e sem gestos,
poemas
clamam que lhes moldemos adultos.
Mas não é o
que acontece. Mal paridos,
correm ao
face, postados em ansiedade,
a cata dos
abraços das curtições,
dos beijos
dos comentários, do namoro logo
que se faz cópia
e compartilhamento.
Dados ao
mundo, é necessário o berço escuro
das gavetas,
o alheamento do esquecimento,
até que,
estranhos, com sotaque de outro autor,
vasculhemo-lhes
corpo e alma, à cata atenta
de
imperfeições ostentadas, maculando.
Conjunções a
mais, preposições despropositadas,
doncordâncias
discordadas, um substantivo
que não se
quer ali, mas mais adiante, possessivo,
trazendo a
si o eixo da idéia, adjetivos exagerados.
E podar com
as tesouras da gramática, da sintaxe,
e semear de
bom gosto, na busca da beleza; adubar
com o
composto da experiência, do saber fazer,
até que,
revisado, como se fosse de outro, estranho,
entregar ao
dono: postar, publicar, imprimir o bebê
que se fez
adulto e adulto, conquistou o mundo.
Francisco
Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário