Fácil fazer poemas,
Executar firulas de efeito,
Enfeitar no drible perfeito
Sobre um substantivo,
Um adjetivo ou um verbo
E cruzar milimetricamente
Na cabeça do advérbio
Para comemorar o gol.
Difícil é fazer poesia,
Buscar no próprio peito
A bola mal passada,
Com efeito e pesada,
Entre dois zagueiros
E um eficiente goleiro
Prontos para frustrar
A comemoração do gol.
Assim é fazer poema
para qualquer mulher,
encatenar palavras,
dispor bem arranjados
o ritmo e as idéias,
usar truques estéticos,
jogadas previsíveis
e sair para o gol.
Difícil, porém,
É fazer poesia
Para a mulher amada.
Há que ser íntimo das flores,
Conhecê-las pelos nomes,
Caprichos e odores,
Tão certo e eficiente
Que o resto seja resto,
Menos que o aparente.
Mas não basta e encerra
Conhecer as flores,
Tem-se que namorar
Com extrema fidelidade
Os doces frutos da terra e,
Amante dedicado,
Correr língua e dentes
Nos corpos carnosos,
Lambendo a seiva
Que cobre o erótico caroço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário