terça-feira, 14 de maio de 2013

PARA UMA BOA SAFRA


Com esmero e dedicação, prepare o campo
Principiando por corrigir a acidez do solo: 
Espalhe amor e com o arado da paciência
Revolva delicadamente cada  porção
Dos dias futuros que se anunciam rápidos.

Adube, incorporando ao chão os nutrientes
Que permitirão à safra abundante floração:
Carinho na dose exata e com muita atenção,
Vigilância permanente, diuturna, sempre
Para que as pragas não se instalem, fiquem.

São os insetos das drogas, os vírus do medo
As bactérias do abandono, os fungos dos vícios.
Fique atento porque no ecossistema da dor
São componentes reais roendo  os frutos,
Inviabilizando colheitas, falindo espectativas.

Isto posto, é  hora da semeadura a lanço.
Não lhe aconselho sementes de espécie única,
Para  que não fique escravo do mercado,
Preso aos preços regulados pelos concorrentes.

Assim, diversifique: inocência, sorrisos,
Curiosidade, otimismo, pressa,  descompromisso,
Graciosidade, ternura, timidez, e sempre um sorriso.
Tenha a certeza de que se o preço de uma cair,
A alta das outras compensarão, será lucro certo.

Cuide para que os ventos do abandono,
Os estios da decepção, a friagem da raiva
Permaneçam distantes, fora do raio de ação.

Há  os cuidados preventivos também,
As doenças que curvam caules, secam folhas...
Inviabilizam qualquer possibilidade  de futuro.

Vacine com as drogas postas pela ciência,
Mas não se esqueça de vacinar com orações,
Uma droga miraculosa só encontrada nos corações.

Mantenha sempre remédios ao alcance.
Os corpos frágeis, ainda vulneráveis, exigirão
Reforço suplementar de nutrientes.

E hidratar, seja por aspersão ou infiltração,
Mas nunca deixar de hidratar. Hidrate
Com  o só imaginado, destilando lendas
E povoando com seres mágicos, míticos
Que serão assassinados mais tarde:
Fadas, elfos, gnomos, papai noel, cegonha...
De maneira que tenham onde se escorar
Quando os vendavais da realidade chegarem.

Mantenha-se atento, sempre atento,
Sem cochilar um único segundo,
Porque o teu olhar será o sol, o calor
Que permitirá a vida naquele rebento.

Eis, finalmente, a hora da colheita
E a descoberta do seu equívoco
Do seu delicioso engano.

Você pensou que plantou tanta coisa
E , no fundo, só plantou esperança,
Que floresceu, frutificou e agora o chama.

Vem, toma, é sua essa criança.

Francisco Costa
Rio, 19/11/2012.

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