terça-feira, 7 de maio de 2013

JÁ, NÃO


Não posso morrer logo, não posso morrer já.
Há ainda compromissos pendentes, urgentes,
exigindo minha presença no teclado.

Tenho que avisar aos amigos do face: fui!
E agora de vez. Há uma determinação prometida,
de terminar um romance de amiga solicitante,
revisar versos de outro amigo que além mar aguarda.

Há telas inacabadas, desenhos por fazer, um encontro
com nordestina de formosas ancas e olhar atento,
querendo conferir se o dito nos poemas é ilação
de poeta ou corresponde à verdade, fala e faz.

Há um filho caçula, dependente de minha mão
e minhas palavras, meus exemplos
de como se portar em poemas e camas,
em palanques e auditórios, salas de aula,
aproveitando cada oportunidade para sacanear
os sacaneadores profissionais, os ladrões contumazes,
os que de tão ruins palmilham o absurdo de existirem.

Não posso morrer logo, não posso morrer já.
O amanhecer anuncia um novo dia
e o meu coração, mais possibilidades de poesia.

Francisco Costa.
Rio, 20/03/2013.

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