Agora a
única pretensão é navegar esse mar desconhecido,
Essa vastidão
de segredos interditos aos vivos,
Aos que
privam das dificuldades da carne, exalam, ainda,
O odor das
necessidades postas no exercício do existir.
Não sei o
que me espera, se o anunciado na literatura
Das
especulações, o ensinado na infância ou o nada,
O vácuo
absoluto, habitante do silêncio e da escuridão.
Terei
consciência, saber-me-ei individualidade em exercício,
Ou anônima
gota no oceano cósmico, gônada espargida em luz,
Dançarei na
sopa do éter infinito mediando galáxias, anônimo,
Mera
partícula de existência instantânea, nascimento e morte
Concomitantes,
sem intervalo, como o que seria e não foi?
Consciente,
partilharei da lua em sua trajetória repetitiva
Mas sempre
diferente porque reflexo de quem a vê,
Das
estrelas, nomeando-as numa sinfonia fonética: órion, áries,
Cassiopéia,
andrômeda... Orientando nautas e namorados?
Amanhecerei
a cada dia, na inauguração das cores, dos brilhos,
Das
cintilações postas nas superfícies de todas as coisas, ou cego
Aos apelos
da realidade em que já não estou, estupefato atento
Descobrirei
novas cores das quais nunca desconfiei, absorto
Com o que
considerei realidade única, imutável, eterna?
Sem um corpo
para me ostentar individualidade habitando o real,
Como me
darei a saber, anunciar a minha própria presença
Aos que
alheios partilham o desconhecimento de que morrer
É só
descobrir segredos e não ter como nem a quem os revelar.
Francisco
Costa
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