Um botânico,
técnico das coisas
Do mundo
vegetal,
Aproximou-se
de uma rosa
E
examinou-lhe as pétalas:
Dialipétala!
E as
sépalas: dialissépala!
Afastou os
órgão florais externos
E examinou o
receptáculo floral:
Dialicarpelar
bissexuada
De anteras
proeminentes
E ovários
discretos. Completa,
Pensou,
dando-se por satisfeito.
Um segundo
homem
Aproximou-se
da mesma rosa,
Encantou-se
com o tom amarelo
E
delicadamente tocou nas pétalas,
Maciez de
veludo quase derretido,
Entre o
etéreo e o concreto,
Encantando.
A seguir
aspirou o seu perfume,
Longa e
profundamente,
Dando-se por
satisfeito.
Poemas são
como as flores
E os
leitores, podem dissecar-lhes
Morfemas e
sintagmas, gerúndios,
Fonemas e
partículas apassivadoras,
Concordâncias
verbos nominais,
Hiatos e
ditongos nasalados,
Cuidando
para ver se tudo certo,
sem
ortografia manca
ou regências
de muletas.
São os
técnicos da escrita,
Os botânicos
das flores
Da
literatura.
Mas há os
que bebem poemas,
Choram nas
palavras dos poemas,
Arrepiam-se
em cada verso,
Fazendo do
poema flor, uma flor
Desabrochada
em algum galho
Dos
sentimentos.
Estes não
são técnicos, são poetas.
Francisco
Costa
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