Diante dos
mortos de fome e miséria,
Eu vos
clamo, Senhor: piedade!
Piedade para
os omissos porque cúmplices.
E dos
encontrados por balas perdidas,
Eu vos
clamo, Senhor: piedade!
Piedade para
os omissos porque cúmplices.
E diante dos
mortos em vida, já finados
Porque sem
acesso a nada, excedentes
Na partilha
do supérfluo e do essencial,
Longe da
saúde pública e do hospital,
Entre
moscas, menosprezo e medos,
Eu Vos
clamo, Senhor: piedade!
Piedade para
os omissos porque cúmplices.
Por fim,
Senhor, piedade, muita piedade
Para os que
diante da morte anunciada,
Pré
fabricada, necessária para o capital,
Pregam a
omissão em Vosso nome,
Como se
aquele corpo no calvário, exangue,
Fosse
sacrilégio de um insensato
Que se
recusou à só a carpintaria do pai,
Ao culto na
sinagoga mais próxima,
Ao pagamento
de dízimos e ofertas
Como compra
do direito de ser omisso,
Sem
problemas de consciência, quando
Em lampejos
de lucidez
Se percebe vítima
e mantenedor,
Cúmplice das
desgraças do mundo.
Eu Vos clamo,
Senhor: piedade!
Piedade para
os que fizeram de todo dia
Dia de
finados, por ação ou omissão.
Francisco
Costa
Rio,
02/11/2013.
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