Propenso ao
poema,
Inspirado e
tenso,
Reduzido a
dedos no teclado,
Em franca
taquicardia,
Dirijo-me ao
texto.
Mas hoje não
haverá poema,
Percebo
logo, contrariado.
Há na
cabeceira um vulto
Que se
espraia sobre tudo
E em tudo
marca presença,
Exigindo-se aqui,
agora,
Mais que
vulto, carne e calor.
Como
escrever senão em dádiva,
Oferenda
posta no passado
Que insiste,
insidioso e total,
Direcionando
versos e saudades?
Como
ordenhar hormônios
E apascentar
desejos se agora
É mera
imagem que purga
Encantos adormecidos
Nas dobras
do meu lençol?
Como redigir
sorrisos e gozos
Se a angústia da perda
Me veda os
versos e anunciam
Que é hora
de chorar?
Hoje não
haverá poemas!
Nem folga
nem férias,
Menos luto
ou greve.
Há a
ausência do coração,
E não sei me
escrever parcial.
Francisco
Costa
Rio,
27/11/2013.
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