sábado, 30 de novembro de 2013

PREPOTÊNCIA MORTA

Um general morreu,
É agora só podridão
Em repasto de vermes.

Suas mãos, afeitas a gatilhos e tapas,
Jazem na imobilidade da impotência,
Liquefazendo-se, pútridas, em caldo
Malcheiroso tornando-o nada.

O silêncio agora é sua ordem de ataque,
E a ausência dos olhos já devorados
Restabelece a originalidade do cego
Fabricante de cadáveres nas tardes.

Seus ouvidos são agora portais de insetos,
Carunchos e larvas no trânsito do anônimo,
Despido da pretensa e inútil importância
Que ostentou, entre medalhas e divisas.

Seus subordinados já o substituíram , e
Prestam continência para o temporário
Que se propõe perpétuo e pra sempre,
Repetindo as mesmas ordens e comandos.

Incólume na sepultura, só a farda.
Segundo uns porque de tecido sintético,
Não biodegradável, quase eterno.
Segundo outros porque nem aos micróbios
Interessa servir-se de generais.

Francisco Costa

Rio, 27/10/2013.

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