Chego no
sacolão, o mesmo de sempre
Porque de
mercadorias frescas,
Preços bons
e raro espécimen bendito
De bendita
nordestina migrada de lá
De algum
estado já lotado e seco,
Diretamente
pros meus olhos aflitos,
Com sotaque
e cadência no caminhar,
Arrastando
cordões como cadela no cio,
Um tal de
homem babando na gravata,
Rosnando um
pro outro, se empurrando,
E... – Bom
dia, morena. Tudo bem?
- Bom dia,
seu professô. Vije qui tá sumido!
- Tô não.
Posso confiar em você?
- Sábi qui
nunca deixei u sinhô na mão!
- Então tá,
vou confiar. Como tá o aipim?
- Tá qué
choculate, dismanchându na boca.
(esclarecendo:
aipim = mandioca = manioca
Macaxeira =
... Vai ter tanto nome assim...,
Variando de
estado para estado, menos
Na associação com a sacanagem, símbolo
Fálico que
se presta a mil piadas, povo tarado!)
- Escolho as
raízes que julgo melhores,
Peço que
pese, pago, dou um último olhar...
Seu
professô? Eu queria agora é ser do forró,
Um tocador
de zabumba nessas ancas,
Ou de
triângulo na sanfona, digo no triângulo,
Sei lá!
- Chego em
casa, descasco a criança (o aipim,
Maldosos),
ponho para cozinhar e....
Metade
choculáti, como imagino os lábios dela
E metade...
Mais duro que pau de tarado
Olhando pra
ela, ou que de pedófilo em porta
De escola ou
parquinho público, eu mereço.
Hoje voltei
lá, por acaso, já que fui perto,
Abastecer o
carro: - Me deu volta morena?
- Eu, seu
professô? Eu não, falei verdade.
- Duro pra danar, morena.
- Olguns.
Ouguns o sinhô pegô certo, u resto
Era tudim
mandioca brava, dura pra raio.
- E porque
você não me avisou, morena?
- Num póssu,
órdi du patrão. Fica arreliado;
Inquanto o
seu professô tava peganu as raíz
Eu tava
fazendo careta, fazendo qui não
In cada vez
qui o sínhô pegava mão da ruim,
Mais o sinhô
num viu, num olhô pra mim,
De zoim
perdido nas minha perna. Bem ferto!
Francisco
Costa
Rio, 30/10/2013.
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