sábado, 30 de novembro de 2013

De luto pelo que em mim morreu,
Lastimo perdas e choro ausências.

Enterraram-me a inocência,
A capacidade de ver nos olhos
De todos a ausência da maldade,
E inscrever a esperança em cada dia,
Certo de que todo mal é passageiro,
Mero contratempo a fechar a cara
Temporariamente, entre sorrisos.

Fui ao velório do medo e do pudor,
Quando me soube só acidente
De curta duração e muitos limites,
Do qual podiam subtrair tudo,
Até a vida, menos as convicções,
E que cada mulher complemento
De encaixe físico e entrega,
Como solo propenso às raízes.

Estive nos funerais do consolo,
Porque nada me apraz recompensa
Nesse inventário de perdas e danos,
Salvo um ou outro poemas vagabundos
Que, como eu, dilapida-se em versos,
Certo de que no final, só a lembrança
Recitada aos pedaços, parcial.

Não serei. Esculpo com zelo poético
O que amanhã fui, essa redação
Mambembe e tonta que em mim 
flui.

Francisco Costa

Rio, 26/11/2013.

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