Na suruba tropicana cabe tudo.
Cabem anões gerenciando a crise
Da pica do velho beijando o joelho,
Monumentos praieiros ao vento,
Com curtas burcas na genitália,
Mais revelando que escondendo,
Insinuando o paraíso na borboleta.
Tem capitão nazista, major fascista
E primeira dama decorando o palácio,
Tirando quadros de Portinari e
Tarsila,
Para colocar o pôster do Justin
Bieber.
Tem deputado proibindo punhetas
E feministas reclamando da
discriminação,
Tem que proibir siriricas também.
Tem Tiriricas, Heráclitos, Pauderneys
Ministro da Justiça de facção,
Grileiro dirigindo o Incra,
Desmatador, o Ibama,
Pastor, a Funai,
E logo haverá uma puta superior
No convento das madres,
Porque na suruba tropicana cabe tudo.
Nos mercados da bananeira pátria,
Tropicana, sacana, doidivana,
Tem passeata do pato
E patos na passeata,
Delírios gospel e gospeis oferendas,
Juízes vendendo sentenças
E sentenças vendendo empresas,
Maracutaias, trambiques, tacadas
Nos balcões do parlamento
E nas bancadas do Planalto.
Tem cultos nas praças
E nas prefeituras,
Um presidente miniatura,
Tins e Rodrigos, tudo maias,
Alguns jóias, outros, malas.
Tem privatizações, privatarias,
Privadas públicas com advogadas
Gerenciando a fetidão e os esgotos,
Tem gordões e narigudos na tevê,
Com discursos prontos e decorados
Regiamente remunerados.
Na República Federativa do Bananil,
O povo unido jamais será vencido
É palavra de ordem ultrapassada,
Substituída por vai pra puta que
pariu,
Entre mais um gol de Neymar
E o congelamento dos investimentos,
Mais um sucesso do Luan Santana
E a exaltação dos públicos tormentos.
Entre motins de penitenciários
E banquetes presidenciais
O povo dança funk e se locupleta
No noticiário que o completa
Asinina manada caminhando
Em plágio ao poeta:*
“... contra o vento
Sem lenço e sem documento,
Nada no bolso ou nas mãos.”
Francisco Costa
Rio, 16/01/2017.
*Caetano Veloso
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