(Ouvindo Tears in Heaven)
Instalado o desânimo,
Reverberação de morte,
Tudo perde as cores,
Desconectam-se os sons,
Em tristeza anunciada.
O desânimo é a porta fechada,
O temporal no feriado,
Impotência e passividade
Na dança do silêncio.
Desanimados não frutificamos,
Como senil vegetal entre cupins,
Assistindo à própria derrocada
No inclemente sol da indiferença.
Amuado e triste, calado,
Pouco propício ao verso,
Assisto-me espetáculo findo,
Entre aplausos tardios
Exigindo-me adeuses
Por que a cortina irá se fechar.
Agora navego num mar de solidão,
Entre os impropérios que me dirijo
E as orações que não pronuncio,
Sem determinação e referências,
Como um náufrago desesperado,
Sabendo que ilhas não há.
O desânimo é o sonífero da vontade,
O anestésico da continuidade,
A droga que nos aparta de nós,
Reduzindo-nos ao nada exposto,
Ao involuntário veneno
Que nos mata aos poucos,
Felizes por não querer o antídoto.
Francisco Costa
Rio, 10/01/2017.
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