Indiferente, ela dorme,
Sem saber que eu a percorro
Dobras de pele,
Relevos de carne,
Devassando cada centímetro,
Delicado para não acordá-la.
Ela mal supõe que estou ali,
Indiscreto e invasivo,
Sorvendo cheiros e vontades,
Em cuidado de amante novo
Inaugurando a permanência.
Em decúbito, respira lenta,
Lenta e pausada, tranquila,
Certa de que sozinha,
Longe de olhos que a violam
Intimidade ultrajada.
Pela manhã, surpresa,
Entre o café e um sorriso
Se perguntará porque ele,
Se nunca o pensei em mim,
Revivendo o inusitado sonho.
Mais tarde, atenta,
Comentará o meu poema,
Sem saber que comentou-se,
Clandestina, no espelho gráfico
Que a devora extasiado,
Entre vírgulas e cansaço.
Francisco Costa
Rio, 18/01/2017.
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