segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

ODE AOS CENSORES

A censura é abjeta,
Atestado de capitulação do censor,
Reação de eunuco diante da vagina,
O silêncio, por não ter o que dizer,
Uma bala perdida de alvo certo:
Voltar no peito de quem atirou.

O censor é o crítico
Na impossibilidade de ser o escritor,
A anunciação dos próprios limites,
Um pássaro sem asas e sem plumas
Olhando para cima, frustrado,
Em vã tentativa de apagar o espaço.

Os censores são as forças auxiliares
Do que se quer ausência de criação,
De inteligência, sensibilidade, de tudo
O que nos faz humanos, antíteses
Dos que se sabem projetos ainda,
Parasitando a obra alheia, miúdos
Vermes olhando estrelas.

Francisco Costa

Rio, 23/01/2017.

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