segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

REPENTINA CANÇÃO

(Pra Sonia Costa, in memoriam)

Há canções nascidas para nos matar.
Repentinas nos penetram os poros
Para habitar na alma, em todo o ser,
Indesejadas inquilinas nos sangrando
Momentos não esquecidos e saudades.

Esta que agora ouço, nostálgico e só,
Leva-me ao calor do seu corpo ativo,
Amanhecendo inauditos prazeres
Na trajetória que pensamos eterna,
De poucos obstáculos, sem cancelas.

Mas veio a morte, subtração de tudo,
Impondo pra sempre luto disfarçado,
Fantasiado de sorrisos estrangeiros,
Vestindo versos que ainda são seus,
Descrevendo mulheres imaginárias,
Variações de tema único e constante,
O seu sorriso luminoso, abundante,
Iluminando a trilha que hoje trilho só,
Com a impressão de que mais adiante,
Tímida e radiosa, rindo, como sempre,
Vestida de luz e cores você me espera.

Francisco Costa

Rio, 21/01/2017.

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