Se me vence o desânimo,
Logo peço revanche
E venço.
O imobilismo é veneno,
Pedra no caminho, farpa,
Caco de vidro no pé,
Impossibilitando continuar.
Mal me quedo abatido,
Danço um tango,
Solfejo desafinado
A canção mais vulgar,
Visito floreiras,
Lembro da última amada
Que entre sussurros e beijos
Acampou no meu corpo.
Se me vejo taciturno,
Propenso ao que corrói,
Derruba e desanima,
Ergo-me guerreiro fictício
Em combates imaginários,
Brandindo as adagas e facas
Que escondo nos versos.
A melhor terapia é a poesia,
Essa poção de magia
Que permeia o inesperado,
Reduzindo-nos a espectador,
Observador encantado
Tecendo o sorriso
Que irá nos reconectar.
O poeta é um voyeur
Fazendo amor
Com as moças nuas
Que vestidas passam,
Desnudando flores
E paisagens,
Em orgasmo permanente
Com o que se oferece
Baldio e distraído,
Propenso ao flash rápido
Que permitirá o poema.
Poetas são domadores de palavras
Na arena da imaginação,
Brandindo ordens à fera realidade,
Com o chicote do encanto na mão.
Francisco Costa
Rio, 10/01/2017.
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