domingo, 1 de janeiro de 2017

Beije-me
Como se de beijo derradeiro,
Na amurada do cais
Ou da sepultura,
Com toda a sua emoção.

Beije-me
Como beijam as flores
Os insetos e a brisa,
Como missão única,
Imperativo para viver.

Beije-me
Toque-me leve e delicada,
Como favos tocam as abelhas,
Com medo de desnaturar o mel.

Beije-me
Serena e distraída,
Abandonada ao beijo,
Como ao vento se abandona
A pluma errante nas manhãs.

Beije-me
Como mão de mãe no berço,
Na fronte febril adormecida.

Beije-me, beije-me
Como se numa cópula de lábios
E línguas, lastimando
O silêncio que se seguirá.

Beije-me

Francisco Costa

Rio, 22/12/2016.

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