Assim no teu colo,
Cansado das aquarelas,
De brincar com a luz,
Ouço silenciosa sinfonia,
Quente e aconchegante,
Macia, iluminando-me,
Obscuridade renascida.
Tuas mãos, pétalas abertas
Sobre a minha fronte,
Excitam, acordam desejos
Que dormitavam distraídos,
Entre pincéis e pigmentos.
A umidade da tua boca contagia,
Contamina, corrompe a calma
Que me habitava distante,
Habitando solventes e tintas.
Logo minhas mãos coloridas,
Ainda sujas da tua ausência,
Comigo concentrado na cor
Que me solicitou obediente,
Percorrem mornas carnes
E delicadas curvas, ávidas,
Como se em corpo primeiro,
No início da adolescência.
Arfas, tremes, suspiras,
Submetendo-me apêndice teu,
Escravo das tuas vontades
Explícitas em suor e olhares,
Insinuações e pedidos
Que nos farão cansados
E adormecidos, abraçados
No chão do atelier.
Francisco Costa
Rio, 31/12/2016.
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