domingo, 1 de janeiro de 2017

ALEPPO

O sangue infantil de Aleppo
Escorre em Wall Street,
Entre bolinhas coloridas,
Maçãs e luzes piscando,
Para alimentar a Bolsa,
Animar o pregão,
Baratear o hambúrguer,
A Coca-Cola, a eleição
Do pilantra de plantão.

Os cadáveres de Aleppo
Sobem escadarias
E se sentam no plenário,
Aguardando a resolução
Da ONU e do mundo.

As mulheres de Aleppo,
Estropiadas e vendidas,
Com úteros inválidos
E almas secas, persistem,
Entre bombas e incêndios,
Na busca dos filhos.

Fôssemos humanos
E os escombros de Aleppo
Seriam os escombros de nós.

Francisco Costa

Rio, 22/12/2016.

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