Esse vazio, a vontade de nada,
Radicalmente nostálgico,
De saudade não identificada,
Como se amputado por dentro.
Esta serenidade artificial,
Pura ausência de vontades,
Como um velho tronco
Sem folhas e galhos, solitário,
Esperando tempestades.
Permanecer estático e mudo
Porque só o não ir se justifica,
Imune e frio, indiferente,
Simples pedra na paisagem,
Passiva e anônima, neutra.
Saudade de paisagens antigas
E desconhecidas, só imaginadas,
Ricas em detalhes inexistentes,
Como flores de cores esmaecidas
E perfumes imperceptíveis,
Que nunca desabrocharão.
Saudade, paramento da angústia,
Estado de espírito contraditório
Que faz presente a ausência,
Sem que possamos tocá-la.
Saudade,
Essa estranha vontade de nada,
Senão deixar-se estar mudo,
Na eloqüência do silêncio,
Nesta sinfonia de mortos.
Francisco Costa
Rio, 18/12/2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário