Se me sinto só, viajo,
Alço-me nas asas dos sonhos
E percorro o que suprime
E agasta, deixa-me errante
Nos caminhos de mim.
Ando céus e corpos, campos,
Cuidando para que fiquem
Partes de mim.
Completo, retorno,
Cuidando de arrumar tudo,
Cada coisa em seu lugar,
Até o momento de usar,
Quando lembro do vôo
E dele lanço mão,
Voando novamente,
Sem sair do chão.
Assim nascem os poemas,
Sem delongas e dilemas,
Com o poeta concentrado,
Trancado no quarto,
Em pleno trabalho de parto,
Trazendo para o mundo
O que só existia
Na dimensão da poesia.
Francisco Costa
Rio, 31/12/2016.
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