Todos estabelecem metas,
Impõem-se propósitos,
Prometem-se diferentes
A cada passagem de ano.
Resolvi aderir.
Não, não deixarei de fumar.
Quando se ultrapassa o sessenta
E o câncer não percebeu,
O enfarto marcou bobeira
E o ar flui normalmente,
Abrir mão de um prazer
Para atender a bem comportados
É um sacrifício desnecessário.
Também não farei concessões:
À prudência, à parcimônia, ao medo,
Exigindo-me em intensidade máxima,
Como se cada gargalhada a última,
Cada lágrima, prenúncio da próxima.
Sonhar, sim. Sonharei mais e mais,
Fazendo-me duende nas floradas,
Uma ave errante no horizonte,
Arremedo de poeta, plágio de pintor,
Deixando as minhas digitais nos dias.
E amarei, isto sim, de amor primeiro,
Sempre, porque cada amor diferente,
Com suas nuances e idiossincrasias,
Amamentando-me a vida e a poesia.
Em permanente vigília de amor,
Sempre pronto a gestos prontos,
À moda antiga, levarei ramalhetes,
Caixas de bombons, um poema novo,
Qualquer coisa que rompa resistências
E me permita realização consumada.
Impossibilitado de assalariar o
mundo,
Freqüentarei os sinais de trânsito
As esquinas, todos os cantos,
Distribuindo moedas e sorrisos,
Cigarros, um conselho inútil,
Invejando os livres nas ruas,
Sem burocracias e protocolos,
Embora cultivando a fome
E colhendo preconceitos.
Maldirei as guerras,
Criticarei impiedoso
O mau político de plantão,
Denunciando ações e intenções
Porque silenciar é acumpliciar-se.
Coerente e honesto,
Não me prometerei utopias,
Irresponsabilidades a esmo.
Na verdade o que prometo
É continuar o mesmo.
Francisco Costa
Rio, 01/01/2017.
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