sábado, 19 de novembro de 2016

NA AMURADA DO CAIS

(Poema de fuga)

Nunca pilotei Jet ski,
Fiz mergulho autônomo,
Acariciei peixes e anêmonas,
Admirei jardins submersos.

Aéreo bicho rastejando só,
Nos limites do solo e do ar,
Quero-me coisa nova no mar.

Pouco sei das algas, dos corais,
Senão em fotos e museus,
Nos livros sem cheiro de maresia,
Fixos e mortos, catalogados,
Como se peças de artesãos
Ou inesperados acidentes.

Há um mundo paralelo,
Do qual não sei e pouco estive,
Em desafio à minha imaginação.

Quero-me no mar, parte do mar,
Longe do que me aflige e submete,
Reduz a este inseto bípede,
Teorizando sobre o que longe
Poderia ser porto de chegada,
Mas que se insiste líquida estrada.

Francisco Costa

Rio, 18/04/2016.

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