A mulher que esperei não veio.
Por onde andará a mulher que espero,
Em que corpo se esconde, disfarçada,
Imune aos meus versos e meu olhar,
Talvez próxima, fingindo-se flor ou
luar?
Por décadas eu a procurei dedicado,
Devassando corpos e pensamentos,
Catando indícios, obscuras
evidências,
Qualquer coisa capaz de
identificá-la.
Em corpos muitos fiz pernoites,
acampei,
Hospedei-me voluntário peregrino
Na esperança de encontrá-la para
tê-la.
Agora, já no ocaso de mim, mero
ancião,
Já não a busco, passivo e acomodado,
Certo de que veio e não vi, distraído,
Quando deveria estar enamorado.
Minhas paixões foram sindicâncias,
Investigações, pesquisas minuciosas
Entre amantes atentas e curiosas,
Vasculhando-me palavras e poemas,
Até descobrirem que não eram elas
As que escondiam em si, dedicadas,
A mulher que esperei em vão, para
nada.
Francisco Costa
Rio, 14/11/2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário