sábado, 19 de novembro de 2016

Em crise de romantismo,
Presa do que me define carência,
Vergo-me, ansioso, em saudade.

Pronto para me dar urgente,
Purgo-me palavras postas aqui,
Ordenadas versos e ansiedade,
Na impossibilidade de só ser só.

Há em mim algo que incomoda,
Que purga e abate porque parte
Solicitando urgente complemento.

Nada apraz ou redime, define,
Num vazio feito de memória
Reduzida a só uma imagem,
Fixa, encantada, definitiva.

Por onde andará a minha metade,
A porção que espantava o tédio,
Impedia o ócio, impulsionava-me,
Ora doce e manso, ora voraz,
Em fome de refeição última?

De que se tece a saudade
Senão da ausência,
De onde queríamos estar?

A saudade é a porta estreita
Por onde transita o que foi
E o que esperamos voltar,
Atento, na esperança
De que esta porta
Não irá se fechar.

Francisco Costa

Rio, 18/11/2016

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