Não cobre nunca do poeta
A permanente indignação,
O não intervalo no combate,
O ceder à não raiva e ao ódio.
Ainda que haja um tirano
Infelicitando as horas
E impedindo os minutos,
O sol continua aceso,
Com borboletas de plantão,
Moças no passeio público,
Crianças no afã de brincar,
Sérias e responsáveis
Como um poeta em atividade.
Pode o tirano arrancar a paz,
Instituir necessidades,
Promover o desencanto,
Dar provimento ao caos.
O tirano só não pode,
Por mais que se esforce,
Tirar a poesia, a surpresa
Diante do que comove
E nos reduz a espectador,
Passivo, entregue, rendido.
No dia em que o poeta
Viver em ódio declarado,
Mais não será que o reverso
Do tirano descarado,
Contra face da mesma moeda,
E aí sim, terá sido conquistado.
Francisco Costa
Rio, 18/08/2016.
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