(O Mito da Caverna)
Cavaleiro sem montaria,
Meço-me no que não sou,
Sem espada ou armadura,
Vestido apenas de carne
E apaixonada indignação.
Vagueio ilusórios campos,
Em batalhas memoráveis
E combates necessários,
Duelando idéias e sonhos,
Esperando amanheceres.
Muitos são os inimigos,
Muitos mais os neutros,
Imunes à luz e ao escuro,
Vivendo nas sombras,
Em tristes tons de cinzas.
De costas para o mundo,
Para a entrada da caverna,
Vêem-se a si próprios
Projetados nas paredes,
Sem saber de nada lá fora.
Enquanto luto sozinho
Contra os que entram,
Acreditam-se protegidos
Pelo fato de não os verem.
Entre as trevas e a luz
Convenço-os a verem cores,
Mas insistem na caverna,
Descrentes de um mundo
Diferente e colorido
Os esperando lá fora.
Se demorarem a acordar
Poderá ser tarde, outros
Terão roubado as flores
E espantado as borboletas,
E aí serão inúteis as cores
Porque longe dos seus olhos,
Definitivamente inúteis.
Francisco Costa
Rio, 01/10/2018.
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