(Aos que me vêem abatido)
Apartado de mim,
Busco-me longe,
Embora aqui.
De identidade perdida,
Buscando-me no que fui,
Tateio-me as entranhas,
Os labirintos cerebrais,
A cardíaca musculatura,
Todo nervos expostos.
Subtraíram-me a esperança,
Ainda que momentaneamente,
E agora vago indigente,
Desconhecido de mim.
Minhas floradas de versos,
Anunciação de primavera,
Estão secas, feito palha,
Inúteis aos que alimentava,
Traindo-me impotente,
Força neutralizada,
Escuro diante do que seria cor.
Mas logo me refaço e prossigo
Porque cavaleiros andantes
Se param é só por pouco,
Para refazer as próprias forças,
Retemperar vontades
E reabastecer-se de coragem.
Os que me vêem partido,
Com partes apartadas
Logo me verão de novo íntegro,
Pronto para a semeadura
De novas e definitivas floradas.
Não se pode obscuro e calado
O que a si se elegeu
Arquiteto de flores,
Ainda que digitadas.
Francisco Costa
Rio, 04/10/2016.
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