Tenho em mim os velhos sonhos dos
avós,
As necessidades dos filhos e
sobrinhos,
A esperança dos netos, alheios e
quietos,
Aguardando o mundo que herdarão.
Em mim cruzam-se todos os caminhos,
Irreleva-se o tempo e se revela o
amanhã,
Cardápio de muitas opções a
disposição,
Desafiando escolhas.
Há os que caminham à esquerda,
Certos de que o humano é razão e
eixo,
Sujeito de todas as coisas criadas,
E há os que vão à direita,
acreditando
O humano mero apêndice da produção.
Há os que seguem em linha reta,
Nem à esquerda nem à direita,
Esperando apocalipses e armagedons,
Anunciados desde sempre e sempre,
Entregando à providência o destino.
Há os na linha reta por acomodação,
Seja porque farto na limitada
refeição
Ou de refeição ilimitada, subtraída
Dos de refeição nenhuma, esperando.
Canibal, predador de si mesmo,
O homem é um animal estranho:
Enquanto se dividem na rivalidade,
Os senhores do rebanho os abatem,
Sem motivos, sem dó nem piedade.
Quando o homem entender
Que o dinheiro é só objeto de troca,
Intermediando trabalho e coisas,
Quando não trabalho e trabalho,
E não um deus frio e profano,
Reinando no altar dos sonhos,
Soberano, exigindo imolações,
Esquerda, direita e centro sumirão,
Com o homem substituindo, feliz,
Os bolsos e bolsas por corações.
Francisco Costa
Rio, 31/07/2016.
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