(À que me reclamou mais romântico)
Meus poemas estão contaminados,
Poluídos com o que eu não queria,
Em manchas de frustração e raiva.
Nasci para cantar o amor, o desejo
Que habita na carne, e na carne
Se anuncia essência do humano,
Este ser que tateia, farejando amor.
A mim não foi dito “cante o ódio!”,
Nem que escondesse as cores,
Pondo cortinas no arco íris.
Nasci para o amor, para cantá-lo
Em rimas ou versos bárbaros,
Em prosa ou disperso na telas,
Mas sempre o amor e as variantes,
A paixão, o cio, a necessidade
Que se estampa coisa humana,
Transitória e frágil, dependente
Desse sentir estranho, o amor.
Não me peçam pois que abdique
Do meu ofício, porque condenação:
Mesmo quando pareço não cantar
O que me alimenta e sustenta,
Cantando as alheias carências,
Nos outros apontando as faltas
E os limites que espantam o amor,
Denunciando-o ausente,
Continuo cantando o amor.
Francisco Costa
Macaé, RJ, 20/05/2016.
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