sábado, 19 de novembro de 2016

AVE NOTURNA

Ela me corrompe com o olhar
E mente com graça,
Oscilando a sua leveza
No espaço que me circunda.

Argumento para eu existir,
Ela insiste quase sobrenatural
Em cada dobra dos momentos,
Embora concreta, dimensional.

Se anoitece no mundo
E tudo se tinge de cor nenhuma
Ela ilumina com sua silhueta
De curvas estampadas
Mostrando-se, sem parcimônia,
Em dádiva aos sentidos atentos,
Amanhecidos da escuridão.

Santa pornográfica,
Ela se redige oração
Entre palavras e sussurros
Ditas entre dentes, suando
Sequências e recomeços,
Ávida e definitiva.

Ave noturna, mal amanhece
Voa e vai no vento,
Sem me dar tempo
De acompanhar.

Francisco Costa

Rio, 12/10/2016.

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