terça-feira, 29 de abril de 2014

Sim, sou capaz de sorrir em versos,
mas só em versos.
E capaz de chistes, motes engraçados,
Piadas... Mas só nos poemas.

Quem me lê não imagina a angústia,
a impotência para mudar destinos,
travar o que se faz pedrisco no pé,
entre a sola e o sapato, incomodando,
ou mais que incomodando, impedindo
a continuidade do caminhar.

Fosse tudo comigo e a resignação
cuidaria do caso, ou o voluntarismo
posto em forma de resistência
cuidaria do caso. Mas não é comigo.

Morro um pouco perto dos que morrem,
e não posso fazer nada, impotente e fraco,
preso nos meus limites de só um homem
teclando angústia, digitando a frustração.

Purgo dores que não são minhas, ganhei.
Lacrimejo quase desespero, enfartando,
morrendo-me um pouco a cada dia,
entre o câncer e o cárcere.

Os que lá se vão, sós e injustiçados,
são pedaços de mim morrendo comigo.

Francisco Costa.

Rio, 06/04/2013.

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