terça-feira, 29 de abril de 2014

CANTO DE CISNE?

Sinto que lentamente
Perco a identidade
De mim comigo,
Inaugurando-me estranho
Em festa alheia, apartado
Do que seria comum,
Fazendo-me diferente,
Só assemelhado.

Lento, desinteresso-me,
Como um cego só tato
E cheiros, suposições
Diante de uma paisagem,
Indiferente se de deserto,
Floresta, litoral ou pastagem,
Em resignação e comodismo.

Corredor em revezamento,
Já cansado, observo a marca
Onde deverei passar o bastão
Das minhas lutas e derrotas,
Nenhuma frustrada ou morta,
Inútil ou inglória.

Espectro do que fui, já nada
Me apraz ou apetece, longe,
Só ao alcance dos que querem
E insistem, sobrenaturais.

Há em mim agora a resignação,
A modorra de um entardecer
Esperando o escuro da noite.

Logo estarei num sonho.

Francisco Costa

Rio, 11/04/2014.

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