terça-feira, 29 de abril de 2014

Preciso tomar banho, Não de água ou essências.
Do ácido mais corrosivo removendo a revolta.
Necessito esfregar-me em lixas duras, grossas,
removendo esta casca sólida que me blinda raiva,
interdita aos sorrisos, aos encontros, ao comum.

Preciso revelar ao mundo o que sei e escondo,
a ternura diante do que se anuncia belo e frágil,
a alegria do que espera porque se sabe só agora,
temporal de verão, intenso, mas passageiro.

Preciso anunciar que também sei sorrir.

Pois que venham crianças e idosos, fragilidades
esperando carícias; borboletas, pássaros, flores...
Amanheceres, entardeceres, estrelas, astros...
Celebrações à beleza, indiscrições de Deus
dizendo estou aqui,

tornando desnecessários ácidos corrosivos e lixas,
derretendo a casca que me blinda e isola do mundo,
esse jardim onde insistem em plantar ervas daninhas,
esse oceano grande e gordo, sem litorais e portos,
para mais justificar o poeta:
“navegar é preciso, viver não é preciso”.

Francisco Costa

Rio, 10/03/2013.

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