quinta-feira, 3 de abril de 2014

DIA DO CHORO

Hoje, dia do choro,
Das lágrimas compulsivas,
Do pranto sem pudor,
De soluçar ausências.

Se choro não o faço por mim,
Parte que sobreviveu,
Pedaço remanescente
Para testemunhar mortos,
Cadáveres insepultos
Reclamando velórios.

Malditos sejam os assassinos
De nomes ilustrando os livros
Da desgraça estampada
Em linhas escritas a sangue,
Uivos, dores, vômitos e morte,
Pelo crime da não submissão,
Da convicção de mundo melhor.

Hoje, dia da consciência,
Do banho em lágrimas
Que não foram inúteis,
Verteram-se, abundantes,
Para hidratar a história
Com sublime lição:

Os que hoje se curvam,
Calados, ou protestam,
Fazem- no porque, antes,
Outros deram a vida
Para lhes permitir
Resistir ou se curvar.

Nossos heróis reclamam
A nossa homenagem hoje,
Atentos aos que lhes seguem
Os passos rumo à claridade
De um mundo novo.

Francisco Costa

Rio, 31/03/2014.

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