domingo, 6 de abril de 2014

Como não fraudar minhas intenções
E recuar, recusar-me ao seu querer?

Como dizer sim se já medo e espanto,
Inseguro diante do precipício, vacilo
Entre o recuo e o salto, pura covardia
Anunciando o escuro mais adiante?

Desistente da aventura, encolhi-me
Na comodidade do pouco espaço,
Das palavras poucas e gestos nenhuns,
Mero molusco sabedor do mundo
Correndo fora das conchas,
O que me basta e completa.

Guarde seus encantos, sua magia
De acordar sonhos, a impertinência
De permanecer presente e sempre
Quando me quero no anonimato do só,
Só dedos no rosário da solidão.

Guarde-se para outro e a outro se dê.
Talvez ele tenha os sorrisos e dons
Que perdi, esqueci por aí, indiferente,
Sem atinar na diferença entre o tiro
E as borboletas no roseiral.

Francisco Costa

Rio, 06/04/2014.

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