quinta-feira, 3 de abril de 2014

QUASE MANIFESTO

(Para Álvaro Dias, Aécio Neves e Agripino Maia,
exemplos do que até os esgotos recusam)

Ei-los, em revoada, de volta,
Prontos a sangrar e destruir,
Os abutres travestidos
E que supúnhamos mortos
Apodrecidos, navegando
Nos charcos das próprias podridões.

Ei-los, empedernidos destruidores
Com aduncos bicos prontos
À laceração do que se quer amanhã,
Mastigando conquistas e vitórias,
No revanchismo que se quer crime.

Ei-los, de remuneradas almas
E tributáveis sentimentos,
Novamente nos palanques podres
Da ignomínia, da covardia, do asco
Paramentado de parlamentar.

Ei-los em desafio ao que é sensato,
Atravancando manhãs de sol,
Na pretensão de inaugurar o luto
E engendrar o caminho do retorno
A dias nebulosos, de triste escuridão
Galopando gemidos e sangue, fome
Corroendo entranhas e futuros.

Ei-los, demoníacos espectros
No afã do roubo, da subtração,
Do saque, da obtenção ilícita
Da fortuna que os matará.

Malditos sejam todos os torpes,
Os maculados, os que não se podem
Honestos porque nascidos ladrões,
Em congênito aleijão moral,
Em mais uma vã tentativa
De suprimir sorrisos e saciedade.

Ei-los, erguidos das sepulturas,
Em oferenda à rejeição dos justos.

Que malditos sejam pela eternidade
Todos os que pretendem nos lesar,
Tomando de nós até a eternidade.

Francisco Costa

Rio, 28/03/2014.

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