domingo, 6 de abril de 2014

Quando eu já não estiver aqui,
For só referência para os netos,
Alguns poemas no blog, risadas
Dos amigos e companheiros
Em lembranças de molecagens,
Como farei para ouvir as canções
Que ritmaram as minhas mãos
Nos caminhos dos versos, ou
Das cores pretendidas nas telas?

Como, solitário e frio, distante,
Me farei ao alcance da musa
Em retrocesso, no intervalo
Das lágrimas e uma nova paixão?

Com que olhos reaprenderei
A ver as manhãs em cada manhã,
E me aconchegar às sombras,
Para ver os pássaros e o sol,
Se inerte e passivo, imóvel,
Estarei indiferente ao que clama
E me reclama presente, sempre?

Como dizer estou aqui senão
Encarnando uma flor silvestre,
Ainda que com o risco inevitável
De ser só mais uma entre tantas,
Aguardando abelhas e borboletas
Para definitivos beijos de adeus?

Isso, o inferno deve ser isso,
A ausência de um corpo
Para abrigar a consciência
Que permanece.

Isso abate e entristece.

Francisco Costa

Rio, 05/04/2014. 

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