quinta-feira, 3 de abril de 2014

31 DE MARÇO

Tirania, o teu nome é sevícia, embuste,
Malversação da vida humana
Em holocausto ao deus dinheiro.

Te alimentavas de sangue e com sangue
Erigias fortunas particulares, comissão
Do sangramento internacional
Que administravas a ferro, fogo e lágrimas.

Pródiga em semear prantos maternos
E fabricar órfãos, fizeste do verde
A cor do luto e do medo, da morte
Como princípio, meio e fim.

Aos que ousaram te enfrentar reservaste
Os uivos infernais, o ranger de dentes
Alimentando maníacos de doente selvageria,
Impondo-os seculares dores, sangrando-os
Como à rês retalhada no açougue do mal,
Teus porões de horripilantes covardias,
Ensinadas por teus patrões e proprietários,
Aos quais servias em fluente inglês,
Como os cães vira latas nas sarjetas,
Abanando as caudas a míseras sobras.

Em teus escuros jardins de flora escura
Vicejaram a hipocrisia, o mercantilismo,
O saque puro e simples do que se pretendia
Humano encarnado saciedade e sorrisos.

Percalço no trânsito da felicidade, câncer
Na saúde social, vômito na refeição,
És hoje referência da vergonha e do caos,
Exemplo de quase bíblica mazela,
Peça inútil no museu das inutilidades.

Hoje ainda alguns te são simpáticos
E te clamam pelo teu retorno.
Destes, metade não te conheceu,
E cultua César acreditando Cristo.

Já a outra metade sofre de carência,
A de querer que retornes
Para fazer o que a covardia deles
Não permite que eles mesmos façam.

Francisco Costa

Rio, 29/03/2014

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