terça-feira, 29 de abril de 2014

Meu bom humor?
Eu o perdi por aí,
Atravancado no trânsito
Do que não se pode normal.

Meu sorriso se diluiu
Em cadáveres negros
De jovens nas vias públicas,
De olhos abertos, apagados.

Minha gargalhada morreu
Na puerilidade do que vejo
Nos jornais e na televisão
Tratando-me como se doente,
Com limitações mentais.

Palavras doces, como dizê-las,
Se em salsugem e maresia
Desabrocham impropérios
E florescem ofensas que,
Ainda que não ditas ou faladas,
Em atitudes se anunciam?

Minha liberdade agora,
Restrita a poder se indignar,
Exercita-se entre o silêncio
E a inglória missão de chorar.

Francisco Costa

Rio, 29/04/2014.

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