segunda-feira, 14 de abril de 2014

Sempre essa rotina,
Amanhecer prenhe de poemas,
Ocasionalmente de contos,
Crônicas ou desenhos.

Que maldição é essa que me assola,
Reduzindo-me a mãos e olhos
Em reconstrução do mundo?

O que de fato se esconde
Nesse imperativo enfadonho
De reescrever o que está pronto?

Eu me queria outro e diferente,
Vazio de teorias, oco de hipóteses,
Sem me saber só mais um no rebanho.

Eu não me queria senhor de mim,
Mas em exercício de livre arbítrio,
Como um ponta de frente pro gol,
Em decisão crucial, se chuta ou passa,
Se arrisca ou se livra da bola,
Incumbe a outro a vaia ou a vibração.

Mas não, mero apêndice das mãos,
Repito-me automático na redação
De mim querendo-me outro.

Esta a minha liberdade:
A de não me permitir senhor
Porque nascido escravo de mim,
Essa permanente reclamação
Nascida para repetir sim.

Francisco Costa

Rio, 14/04/2014.

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