domingo, 6 de abril de 2014

EM CRISE DE CETICISMO

E se mais não sejamos
Que acidentes de curta duração,
Simples ideias materializadas
Teorizando sonhos, descrevendo
O que gostaríamos de ser?

Se só lampejos de consciências
Entre o nada que nos antecede
E o nada que se seguirá?

E se só matéria organizada,
Pedra que se ergueu consciência,
Mineralidade feita carne e desejos,
Necessidades que não se bastam
E se acabam sem terem se bastado?

E se a suprema utopia
For a crença da continuidade,
Uma existência extra corpórea,
Individual e clara, tateando
Suposições que se revelam reais,
Tornando tudo estranho e novo?

E se não mais que, espécie
Entre espécies, transitando
Estreito tempo e curto espaço
Teorizamos filosofias e ciências,
Religiões, sentimentos, tudo,
Só em culto ao medo da morte?

E se o homem for só uma explosão
Rápida de sentimentos confusos,
Uma singularidade que cresce,
Subitamente se expande e se aclara,
Soa e se apaga para sempre?

E se...

Francisco Costa

Rio, 06/04/2014.

Um comentário:

  1. E se... simplesmente fossemos sopros
    que inquietos não param e nenhum lugar
    e por não ter onde pousar
    ficamos nos repetindo
    e nos repetimos tanto
    que chegamos a desejar a morte
    assim, qualquer impacto nos façam findar

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