Com olhos
que me orientam no caos,
Degluto
notícias, fatos, passivo
E
desorientado, mero assistente
Do que se
consuma e me consome.
Um moço
roubou a estatal e o povo
Deitado na
praia, assistindo a novela
Das seis,
sete, nove, intercalando
Telejornais
e comerciais confundidos
Com a tribo
tabajara em autofágico
Ritual de
comer-se por inteira,
A começar
pelo crânio no shopping,
Perdido
entre promoções e goiabada.
Um papai
Noel bêbado dança na rua,
Entre
coristas e bailarinas nuas,
Arregimentando
pastores na coleta
De dízimos e
balas perdidas, camelôs
Apregoando
panaceias para verrugas,
Esclerose
múltipla e múltiplos apelos
Na passeata
desgovernada e tonta,
Pedindo mais
porradas e repressões,
Expropriações
nos obesos bolsos
E bolsas,
contas bancárias do povo.
Rugem
motoqueiros e policiais,
Boeings e
milicianos, o som do vizinho,
Alternando
tiros e música gospel,
Peixinhos
ornados de papel dourado,
Em olímpicos
nados livres no aquário
De sílex e
petróleo, mutilado e manco,
Em artificiais
explosões de sorrisos,
Orgasmos
contidos, compras e vendas
Apregoadas
pelo político no inquérito,
Jurando a
inocência dos Judas e silvérios
Cultuados
alternativas na programação
Que em outro
canal é banal repetição.
Chovem
empreiteiras e dólares,
Femininas
bundas, promoções
De
eletrodomésticos, computadores
Prontos para
a conexão com o nada,
Multicoloridos
e de poucos dígitos,
Palatáveis e
perfeitamente inúteis
Como um
poema indignado e louco,
Sem dizer
absolutamente nada
Porque
dizendo tudo implícito,
De maneira
figurada.
Francisco
Costa
Rio,
17/12/2014.
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