E se te
tornasses inválido,
Embora de
pernas perfeitas,
E a ti fosse
oferecida comida,
Em nauseante
repetição,
Sem variação
de cardápio,
Mudanças de
temperos,
Num monótono
ritual de repetição?
Se num
vasilhame contaminado
A água te
esperasse com poeira,
Patógenos,
sujeiras outras,
Sem outra
opção para a sede?
E se
tivesses que caminhar em tédio
Sobre as
próprias fezes, descalço,
Pisando-as a
centímetros da comida?
E se da
janela pudesses ver o mundo,
Sem acesso a
ele, longe tão perto!
E teus pares
te acenassem de longe,
Sem a menor
possibilidade de abraços?
E se os teus
lamentos tristes, repetitivos,
Fossem tidos
como uma ária de felicidade,
Canto de
realização e bem viver,
Sem tradução
na lágrima que esconderias?
Talvez fosse
bom que isso acontecesse,
Ainda que
por pouco tempo, só um susto,
Para que te
sentisses uma ave na gaiola,
Sem saber da
diferença do sol e da chuva,
Do domingo e
da segunda feira,
Inútil a si
mesma,
Reduzida a simples
máquina
Que se
repete resignada,
Até que a
morte a alivie.
Francisco
Costa
Rio,
14/12/2014.
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