sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Navegar, simplesmente navegar,
Velames ao vento, talhando ondas
Como se porção do que basta e sacia,
Sem bússola, carta marítima, destino,
Navegar, simplesmente navegar.

Vestir-se com o barco, ser parte dele
Na vulnerabilidade dos temporais,
Nas incertezas das borrascas emocionais,
Na luta para manter-se emerso,
Vivo, na insistência de prosseguir,
Ainda que abrolhos e escarpas, pedras
Nos esperem, pontiagudas e duras,
Na semeadura dos naufrágios.

Navegar, simplesmente navegar,
Íntimo do timão, amante da cordoalha
Que nos ata ao destino por antecipação,
Sonhando paradisíacas praias, enseadas
De brisa mansa e sol a pino, esperando.

Navegar, simplesmente navegar,
Íntimo das estrelas, as do céu e do mar,
Em colóquio com peixes, fiéis amigos,
Testemunhas únicas de um velho na proa,
Buscando horizontes, na certeza que não há,
Porque esse o destino do nauta:
Navegar, simplesmente navegar.

Francisco Costa

Rio, 04/12/2014.

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