Uma fêmea,
dessas diferentes e diferenciadas,
Capazes de
inaugurar estrelas em simples olhadas,
Com mais
curvas que o litoral fluminense,
Verdadeiro non sense à paixão que traz
estampada.
Uma fêmea,
mas de cruel defeito a irritar o sujeito:
Cantora de
repertório estreito, de canção única,
Sonoro e
tonitroante não e não e não, desafio
Para poetas
desocupados caçando musas
E fusas,
semifusas... Em qualquer canção.
Esmerei-me
no repertório da sedução, embora amador,
Cercando com
versos, flores, palavras doces, insinuações,
Até que com
sorriso encantador cedeu, nos dois sentidos,
Antecipando-me
sonhos loucos, expectativas doentes,
Deliciosas e
não muito morais alucinações.
Cumpriu, em
cadenciado ritmo, em surpreendência:
Não era na canção
única que estava a cadência, mas...
(há sempre
um desgraçado mais, maisando qualquer prazer)
Após, fez
carinha triste, e de dedinho em riste:
- Eu não
devia ter feito isso!
- Ora, mas
porque, meu amor?
- Estou na
igreja!
Ora seja!
Afinal sou eu o pecador,
Induzindo-a
à carne que doou a Nosso Senhor.
Se não tive
empenho e desempenho de Real Madri e Barcelona,
Capaz de
colocá-la na lona, acredito que não foi de Palmeiras,
XV de
Piracicaba ou Botafogo, perdendo pelas beiras,
Já entrando
derrotados no jogo, tanto que não ouvi mais o não.
Teve segunda
vez, terceira vez... Sempre com a sobremesa
Da ocasião:
- Eu não devia ter feito isso!
Cansado de
ouvir o já previamente anunciado,
Perguntei o
óbvio a ser perguntado:
- Porque
você não sai da igreja?
E a resposta
convicta, quase sagrada, cheia de fé,
O que me
inundou de gargalhadas, até doer o pé:
- Não posso
perder a minha salvação!
Achando que
as minhas risadas foram de deboche,
Calou-se,
acabrunhada. Resultado: perdi a mulher.
Estou salvo.
Francisco
Costa
Rio,
02/12/2014.
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